Dr. Rodrigo Gomes

Fissura anal: sintomas, tratamentos e quando procurar um coloproctologista

Fissura anal sintomas, tratamentos e quando procurar um coloproctologista

A saúde intestinal ainda é um tema cercado de tabu para muitas pessoas, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento de diversas condições que afetam a região do ânus e do reto. 

Entre elas, está a fissura anal, um problema mais comum do que se imagina e que pode causar bastante desconforto no dia a dia. 

Neste artigo, você vai entender melhor o que é a fissura anal, quais são seus sintomas, os principais tratamentos disponíveis e quando é recomendado procurar um coloproctologista.

O que é fissura anal?

A fissura anal é uma pequena lesão ou corte que ocorre no revestimento do canal anal, geralmente como resultado da passagem de fezes muito duras ou volumosas. 

Essas rachaduras podem atingir até a camada muscular do ânus, provocando dor intensa e sangramento durante as evacuações.

Embora seja uma condição benigna, ela pode se tornar bastante incômoda e, se não tratada adequadamente, tende a se tornar crônica. A boa notícia é que, na maioria dos casos, o tratamento é simples e eficaz, principalmente quando iniciado precocemente.

Causas da fissura anal

Diversos fatores podem contribuir para o aparecimento de uma fissura anal, sendo os mais comuns:

  • Constipação intestinal (prisão de ventre), que obriga o esforço na evacuação;
  • Diarreias frequentes, que irritam o canal anal;
  • Traumas locais durante relações sexuais anais ou exames médicos;
  • Parto normal, especialmente quando há muita pressão na região perineal;
  • Inflamações intestinais, como na doença de Crohn;
  • Envelhecimento, que reduz a elasticidade da mucosa anal.

Em crianças, as fissuras anais também são frequentes, geralmente relacionadas ao hábito intestinal irregular e ao medo de evacuar devido à dor.

Sintomas da fissura anal

Os sintomas de uma fissura anal são bastante característicos e facilmente reconhecíveis, embora possam ser confundidos com outras condições anorretais, como hemorroidas. Os principais sinais incluem:

1. Dor ao evacuar

A dor é o sintoma mais marcante e, em geral, ocorre durante a evacuação ou logo após. Ela pode ser descrita como uma queimação ou uma dor cortante, que pode durar minutos ou até horas.

2. Sangramento

Pequenas quantidades de sangue vivo no papel higiênico ou nas fezes são comuns. O sangramento geralmente é leve, mas alarmante para o paciente.

3. Sensação de laceração

Muitos pacientes relatam a sensação de que “rasgou” algo durante a evacuação. Essa percepção está diretamente relacionada à lesão da mucosa anal.

4. Coceira e irritação

A lesão pode causar prurido anal e desconforto contínuo, agravando-se com a higiene inadequada ou excesso de fricção local.

5. Espasmos musculares

Nos casos crônicos, há contração involuntária do esfíncter anal, o que piora a dor e dificulta a cicatrização da fissura.

Fissura anal aguda x fissura anal crônica

A fissura anal pode ser classificada em dois tipos, dependendo do tempo de duração e da resposta ao tratamento:

  • Fissura anal aguda: costuma durar até seis semanas. É mais superficial e responde bem ao tratamento conservador, sem necessidade de procedimentos invasivos.
  • Fissura anal crônica: persiste por mais de seis semanas, apresentando bordas endurecidas e um nódulo chamado plicoma sentinela. Requer acompanhamento mais rigoroso e, em alguns casos, cirurgia.

Diagnóstico da fissura anal

O diagnóstico é feito principalmente por meio do exame clínico realizado por um coloproctologista. 

Na maioria das vezes, apenas a inspeção visual da região já é suficiente para identificar a fissura anal

Quando necessário, o especialista pode realizar uma anuscopia (exame com um pequeno instrumento que permite visualizar o canal anal) para afastar outras causas de dor e sangramento, como hemorroidas ou tumores.

É importante destacar que a automedicação pode mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico correto. Por isso, a avaliação médica é fundamental.

Tratamentos para fissura anal

O tratamento da fissura anal varia conforme o tipo e a gravidade do quadro. O objetivo principal é aliviar os sintomas, permitir a cicatrização da lesão e evitar recorrências. 

As abordagens mais comuns incluem:

Mudanças na alimentação e hábitos intestinais

Uma dieta rica em fibras (frutas, vegetais, grãos integrais) e a ingestão adequada de líquidos ajudam a manter as fezes macias e a reduzir o esforço ao evacuar. 

O uso de probióticos também pode contribuir para o equilíbrio da flora intestinal.

Banhos de assento

Realizar banhos de assento com água morna por 15 a 20 minutos, duas a três vezes ao dia, ajuda a relaxar o esfíncter anal, reduzir a dor e acelerar a cicatrização.

Pomadas tópicas

Pomadas à base de anestésicos locais, corticoides e cicatrizantes são frequentemente prescritas. 

Em casos mais intensos, podem ser utilizados medicamentos que promovem o relaxamento muscular local, como a nifedipina ou o diltiazem.

Medicamentos orais

Em situações em que a dor é mais severa, analgésicos e anti-inflamatórios podem ser indicados. Além disso, o uso de laxantes leves pode auxiliar na evacuação.

Toxina botulínica

A aplicação de toxina botulínica (Botox) diretamente no esfíncter anal é uma alternativa minimamente invasiva, que reduz os espasmos musculares e facilita a cicatrização.

Cirurgia

A cirurgia é indicada nos casos de fissura anal crônica que não respondem ao tratamento clínico. 

O procedimento mais comum é a esfincterotomia lateral interna, em que parte do esfíncter anal é seccionada para aliviar a pressão e promover a cicatrização. 

A cirurgia tem alto índice de sucesso, mas deve ser realizada por um especialista experiente para evitar complicações como incontinência fecal.

Quando procurar um coloproctologista?

Nem todo incômodo anal deve ser motivo de alarde, mas alguns sinais indicam que é hora de consultar um especialista:

  • Dor persistente ao evacuar, que não melhora com medidas caseiras;
  • Presença de sangue vivo nas fezes ou no papel higiênico;
  • Sensação de laceração ou queimação no ânus;
  • Dificuldade em evacuar ou medo de ir ao banheiro devido à dor;
  • Episódios recorrentes de constipação ou diarreia.

O coloproctologista é o profissional indicado para avaliar, diagnosticar e tratar doenças do intestino grosso, reto e ânus. 

Quanto antes for feito o diagnóstico da fissura anal, mais simples e eficaz será o tratamento.

Fissura anal é contagiosa?

Não. A fissura anal não é causada por vírus, bactérias ou fungos transmissíveis. Trata-se de uma lesão mecânica, geralmente provocada pelo esforço evacuatório ou irritação da mucosa. 

No entanto, manter a higiene adequada da região anal e evitar traumas são cuidados que ajudam a prevenir o problema.

Prevenção da fissura anal

Prevenir uma fissura anal é possível por meio de cuidados simples no dia a dia, como:

  • Manter uma alimentação rica em fibras;
  • Beber no mínimo dois litros de água por dia;
  • Evitar prender a vontade de evacuar;
  • Praticar atividade física regularmente;
  • Evitar uso excessivo de papel higiênico (preferir lenços umedecidos ou água);
  • Tratar prontamente episódios de diarreia ou prisão de ventre.

Essas medidas ajudam não apenas a evitar o surgimento de fissuras, mas também a promover a saúde intestinal como um todo.

Considerações finais

A fissura anal é uma condição desconfortável, mas que pode ser tratada com sucesso na grande maioria dos casos. 

Ignorar os sintomas ou adiar a procura por um coloproctologista pode tornar o quadro mais difícil de resolver, além de impactar negativamente a qualidade de vida.

Portanto, ao notar qualquer sintoma persistente na região anal, como dor, sangramento ou coceira, não hesite em buscar orientação médica. 

Cuidar da saúde intestinal é um passo importante para o bem-estar geral e deve ser encarado com naturalidade e responsabilidade.

Fissura anal: sintomas, tratamentos e quando procurar um coloproctologista

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