Atualmente, temos cerca de 120 mil pessoas ostomizadas no Brasil, sendo que 15 mil novos casos surgem a cada ano. Sem dúvida, esse aumento aponta para a importância de falarmos sobre o assunto e traçarmos estratégias para que essa população seja amparada em suas necessidades e tenha mais qualidade de vida.
Para além das questões práticas envolvendo o uso da bolsa de ostomia, outros fatores influenciam no bem-estar da pessoa ostomizada, e muitos deles não dependem somente do indivíduo. É importantíssimo que a pessoa tenha amparo emocional, social e de saúde para que consiga conviver com a ostomia de maneira plena! Vamos entender mais sobre isso?
Familiaridade com a bolsa e com o estoma
Infelizmente, muitos pacientes ainda têm dificuldades de lidar com o seu estoma e bolsa de ostomia. Alguns não foram orientados corretamente, enquanto outros sentem agonia ao manipular e limpar o estoma e acabam dependendo de outra pessoa para esvaziar ou trocar a bolsa.
Seu senso de auto-suficiência cai muito e a pessoa costuma sentir que perdeu grande parte da sua privacidade com esta situação. Como consequência, esses pacientes tendem a sentir um impacto ainda maior na sua autoestima.
Conhecer o próprio corpo é um processo que começa na infância e continua por toda a vida adulta. Quando fazemos o estoma é necessário conhecer e aceitar esse novo “assessório”! Com o tempo, a familiaridade com a bolsa e as habilidades na manutenção melhoram bastante.
Apoio familiar e dos amigos
Nem todas as pessoas querem compartilhar com a família e amigos que precisaram passar por uma cirurgia de ostomia. Essa é uma decisão pessoal, mas ter o apoio daqueles que são mais próximos faz a diferença para que o paciente se sinta acolhido e pertencente ao seu núcleo social, apesar da mudança.
Esse apoio é importante, também, porque alguns pacientes, com receio do estigma ao redor da pessoa ostomizada, tendem a se isolar. Outros entram num estado de luto pela perda de parte do intestino e da vida como era antes.
Estigma social
Ainda existe algum estigma social ao redor da pessoa ostomizada. Nem sempre as pessoas ao redor da pessoa têm uma visão necessariamente negativa a respeito da ostomia, mas o paciente tende a incorporar esse estigma e temê-lo.
Precisamos falar a respeito da existência de pessoas ostomizadas. Assim, a população poderá compreender a importância da realização da cirurgia de ostomia, as necessidades específicas de quem passou por ela e, principalmente, que ela é uma pessoa normal como qualquer outra!
Acessibilidade e direitos da pessoa ostomizada
A realização de uma cirurgia de ostomia faz com que a pessoa tenha algumas necessidades específicas que precisarão ser atendidas. Uma delas é o acesso ao banheiro para pessoas com deficiência, já que um toalete comum não é o ideal para que o paciente consiga trocar a sua bolsa com conforto e segurança.
Inclusive, desde 1999 a pessoa com ostomia é considerada portadora de deficiência e, por isso, tem os mesmos direitos assegurados pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº13.146/15). Pessoas com ostomia definitiva podem se candidatar a vagas voltadas para pessoas com deficiência e têm passe livre em transporte público.
Existem muitos sites e grupos voltados para pessoas com ostomia em que todos os direitos da pessoa ostomizada são explicados, inclusive casos mais específicos. Vale ressaltar, também, que as bolsas coletoras são distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Espero que tudo isso tenha te ajudado a compreender mais a respeito das pessoas ostomizadas. Penso que essa parcela da população precisa ser amparada de maneira ampla para que a realização dessa cirurgia deixe de ser um peso tão grande para o paciente e ele possa ter mais qualidade de vida como um todo.
Se você concorda comigo e quer ajudar a conscientizar as pessoas a respeito da ostomia, compartilhe esse texto!
VEJA MAIS
Conheça as possibilidades de rastreamento do câncer colorretal
Metanálise confirma o papel da alimentação no desenvolvimento e prevenção do câncer de intestino
Saúde intestinal depois da bariátrica: o que você precisa saber