Estima-se que cerca de 15% da população sofra com a constipação. As causas podem ser muitas, mas a principal delas é uma dieta pobre em fibras, elementos que passam direto pelo intestino e que podem ser encontradas em alimentos de origem vegetal.
Ou seja, se você lida com a prisão de ventre e não tem o costume de comer frutas e verduras, muito provavelmente uma mudança na alimentação poderá resolver o seu problema.
A constipação pode ser aguda, em que a mudança no funcionamento do intestino é percebida de maneira brusca, ou crônica, em que a mudança acontece ao longo do tempo e pode persistir por meses e até anos.
É importante lembrar que muita gente acredita ter prisão de ventre, mas nem sempre é o caso! Cada organismo funciona de maneira única e, por isso, é considerado normal evacuar de três vezes por semana a três vezes por dia.
Como consequência desse equívoco, muitos tomam laxantes e até fazem enemas para movimentar o intestino, o que pode acabar induzindo, de fato, a constipação. Por isso a decisão mais sábia é observar se você está indo ao banheiro pelo menos três vezes por semana e manter uma dieta rica em fibras, ok?
Com todas esses fatores em mente, podemos falar sobre as complicações possíveis da constipação intestinal.
Surgimento de hemorroidas
Também se caracteriza como prisão de ventre quando o esforço para evacuar é muito grande e pouco produtivo. Durante esse esforço, as veias do ânus podem inchar devido ao aumento da pressão na região.
As hemorroidas podem resultar em nódulos dolorosos dentro ou fora do ânus e reto, o que leva muitas pessoas a segurarem as fezes. Esse é mais um erro que causa constipação e que pode piorar o quadro hemorroidário.
Uma das formas de aliviar as dores das hemorroidas é justamente aumentar a ingestão de fibras e beber bastante água, o que vai amolecer o bolo fecal e facilitar a evacuação.
Ocorrência de prolapso
Também consequência do aumento da pressão na região do reto causada pelo grande esforço para evacuar, o prolapso retal faz com que a parte interna do reto fique do avesso, expondo a mucosa retal.
O paciente poderá identificar uma projeção avermelhada escura saindo do ânus e perceber sangramento ou incontinência fecal, mas o prolapso geralmente é indolor.
O tratamento costuma envolver a eliminação das causas do esforço, ou seja, evacuar pelo menos três vezes por semana. Em adultos, casos graves podem necessitar de intervenção cirúrgica.
Surgimento de fissura anal
Durante a evacuação de fezes que se acumularam no intestino durante muitos dias, tornando-se duras e volumosas, pode ocorrer uma laceração ou úlcera no revestimento do ânus.
O paciente poderá apresentar dor ou sangramento durante ou após a defecação, e as fissuras provocam espasmos do anel de músculo que mantém o ânus fechado, o que aumenta a dor e dificulta o processo de cicatrização.
O tratamento desses machucados pode ser feito tanto com o aumento do consumo de fibras ou de emolientes fecais, para diminuir a possibilidade de lesão durante a evacuação, por exemplo.
Outra opção é o uso de pomadas e anestésicos tópicos, além de banhos de assento.
Desenvolvimento de doença diverticular
Embora a diverticulose, ou doença diverticular vá acometer praticamente todos os indivíduos acima dos 80 anos, essa enfermidade também pode ser uma consequência de uma dieta com poucas fibras, que ajudam a criar um volume fecal maior.
Assim, as contrações do cólon são favorecidas, ao contrário de dietas à base de carboidratos simples e proteínas, que levam ao aumento da pressão dentro do intestino.
As camadas internas do órgão se projetam através das camadas musculares externas, gerando bolsas em formato de balões que podem ficar congestionados, inflamados e até sangrar.
Estado de compactação fecal
Quando há constipação prolongada, as fezes podem ficar tão duras que não podem passar com um movimento intestinal normal.
Essa complicação é mais comum em idosos, grávidas e pessoas que estão com a mobilidade reduzida, podendo provocar cólicas, dor retal e esforços fortes, porém inúteis, para defecar. Pode ser comum que material mucoso ou fezes líquidas passem por volta da obstrução, o que pode se parecer com diarreia. No entanto, o intestino continua obstruído e portanto os sintomas persistem.
O tratamento pode ser feito utilizando laxantes, supositórios ou enemas, mas sempre com prescrição médica. Em casos graves, pode ser necessário remover o bloqueio manualmente. O médico localiza a área de impactação fecal pela parte externa do abdômen e, cuidadosamente, insere o dedo enluvado no reto do paciente para aliviar a obstrução.