É muito comum que as pessoas confundam a doença celíaca com a sensibilidade ou intolerância ao glúten. Afinal, ambas causam bastante desconforto e têm o mesmo tratamento.
Mas é muito importante entender que essas duas condições não são a mesma coisa. Inclusive, entender a diferença entre elas é o passo mais importante para o diagnóstico correto.
A doença celíaca é uma doença autoimune em que o próprio sistema imunológico ataca o intestino delgado, inibindo sua capacidade de absorver os nutrientes e produzindo uma inflamação que pode causar desnutrição e perda de peso.
Ao comer alimentos que contêm glúten, quem tem a doença pode sentir inchaço, diarreia, perda de peso e prisão de ventre, além de ter problemas como deficiências de vitaminas, minerais e de ferro, anemia, dor nas articulações e osteoporose. É coisa séria!
Já a sensibilidade é uma reação negativa do organismo. Uma alergia a produtos à base de trigo, cevada e centeio. Geralmente, não envolve inflamação intestinal nem causa complicações mais graves.
Diagnóstico
Além da definição, a maior diferença entre as duas é que a doença celíaca pode ser facilmente diagnosticada por meio de exames. Já a sensibilidade ao glúten, não.
Um deles é o exame de sangue, que analisa a presença de anticorpos que possam indicar a doença. Se o resultado for negativo, é possível que a pessoa seja apenas intolerante ao glúten, embora só seja possível confirmar o problema depois da redução ou remoção dessa substância da dieta.
Ainda não existem testes específicos para detectar a sensibilidade ao glúten, e apenas o monitoramento da dieta, através de registros dos alimentos ingeridos e dos sintomas, é capaz de confirmar as suspeitas.
Sintomas
Uma coisa as duas condições têm em comum: ambas podem se manifestar de várias maneiras. Ou seja: os sinais e sintomas variam de pessoa para pessoa, podendo ser muito mais graves em uma que em outra. Eles variam entre:
– Diarreia e constipação
Casos regulares de diarreia e constipação podem ser um sinal de intolerância ao glúten. Pessoas com a doença celíaca também podem sofrer com estes sintomas, além de notarem um odor muito desagradável nas fezes em decorrência da má absorção de nutrientes.
– Dor abdominal
Frequente e sem qualquer motivo aparente.
– Inchaço
Muito comum em pessoas com intolerância ao glúten, caracterizado pela constante sensação de estômago cheio, independente da quantidade de comida ingerida. O acúmulo de gases também pode estar associado a esse sintoma.
– Náusea
Se manifesta particularmente depois do consumo de uma refeição contendo glúten.
– Dores de cabeça
Quando regulares, podem ser indicativo de intolerância.
– Fadiga
Sentimentos persistentes de cansaço que prejudicam o funcionamento diário é um alerta.
– Outros sintomas comuns
Dor nas articulações e nos músculos, depressão ou ansiedade, confusão (ou desorientação) e anemia.
Tratamento
Uma vez realizado o diagnóstico, geralmente as duas condições podem ser administradas com uma alimentação sem glúten: pães, massas, pratos feitos com trigo e alimentos processados que contenham esses grãos.
Para esses pacientes, costuma ser recomendada uma dieta pobre em FODMAPs. Eu já até falei sobre isso aqui no blog: é uma limitação no consumo de carboidratos fermentáveis específicos como o alho, cebola e manga. Esse tipo de dieta ajuda a reduzir inchaço, dores abdominais e outros sintomas.
Porém, em todo caso, o ideal é sempre consultar um médico e um nutricionista antes de embarcar em qualquer conclusão precipitada e/ou autodiagnóstico.
Para qualquer pessoa que sofra de problemas intestinais, o ideal é procurar um coloproctologista para saber, de fato, o que está acontecendo e como resolver cada problema de maneira eficaz e segura.