Há mais de um ano, em fevereiro de 2018, eu completava o meu treinamento em cirurgia robótica na sede da Intuitive Surgical, na Califórnia.
Obter a certificação do sistema robótico da Vinci foi um processo que exigiu muita dedicação, empenho e a superação de uma série de desafios, que fazem deste treinamento um caminho bastante rigoroso.
E é assim que tem que ser, mesmo. Afinal, é a habilidade do cirurgião que determina o sucesso do procedimento, já que todos os seus movimentos são reproduzidos pela plataforma robótica. Isso porque o robô não opera sozinho. Ele apenas potencializa as capacidades do profissional oferecendo, por exemplo, a rotação em 360° e o filtro de tremores.
Na primeira fase de sua capacitação, o cirurgião faz, ao menos, 20 horas de cirurgias em um simulador. Esse equipamento fornece exatamente os mesmos controles da plataforma robótica real, além de uma avaliação da performance do cirurgião.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Depois disso, é preciso tirar uma certificação em um centro de treinamento autorizado. E, só então, o médico vai realizar suas primeiras cirurgias sob a supervisão de um proctor, que é um cirurgião mais experiente e de referência na técnica.
Mas a capacitação não termina quando o médico obtém a certificação. Ela é constante e diária, já que quanto mais cirurgias se realiza, mais capacitada a pessoa se torna.
Por isso, é importante que todo paciente saiba da rigidez e da seriedade desse treinamento. Afinal, quando falamos em cirurgia robótica, muitas pessoas ainda imaginam que o robô opera o paciente sozinho, o que é completamente distante da realidade.
A máquina não substitui o homem: é a capacidade e experiência do cirurgião que contam para o sucesso deste (e de qualquer outro) procedimento.