Existem diferenças importantes entre essas duas doenças, principalmente no que diz respeito aos aspectos biológicos e prevenção do câncer.
No entanto, uma das semelhanças entre essas doenças é que ambas podem ser diagnosticadas e tratadas pelo médico coloproctologista.
Diferenças biológicas
O câncer colorretal, geralmente, se inicia com a formação de um pólipo, que é um crescimento anormal na mucosa intestinal, parecido com uma verruga. Nem sempre os pólipos se tornam lesões cancerosas mas, para prevenir essa e outras complicações, eles costumam ser removidos durante colonoscopias de rotina e enviados para biópsia.
Já o câncer anal não surge a partir de um pólipo mas, sim, de uma lesão que se desenvolve ou no canal anal, na região de transição da mucosa intestinal para a pele, ou na pele externa do ânus.
Trata-se de um carcinoma espinocelular, ou carcinoma de células escamosas e, geralmente, está associada ao vírus do HPV, a doença sexualmente transmissível mais comum no Brasil.
Os fatores de risco para ambas as neoplasias costumam ser similares: obesidade, alto consumo de carne vermelha e gordura, tabagismo e sedentarismo. Entretanto, o câncer de ânus é cerca de vinte vezes mais comum em pessoas que costumam praticar sexo anal.
Diferenças nos sintomas e diagnóstico
Enquanto o tumor intestinal pode causar dor abdominal e perda de peso sem razão aparente, por exemplo, o câncer de ânus pode causar coceira, nódulos e dor anal. Também é possível que essa neoplasia seja assintomática em algumas pessoas até atingir um estágio avançado.
Alguns dos sintomas do câncer colorretal e do câncer anal podem ser similares às hemorroidas, como o sangramento e dor, por exemplo. Daí a importância de procurar um especialista se notar alguma dessas alterações.
Enquanto o diagnóstico do tumor intestinal costuma ser feito por meio de uma colonoscopia, o principal exame de rastreamento do câncer de ânus é o toque retal e, em alguns casos, pode ser também realizado um papanicolau anal. Caso esse teste seja positivo, será realizada uma biópsia.
Diferenças no tratamento
O câncer colorretal costuma aliar, no tratamento, a quimioterapia, radioterapia e cirurgia de remoção do tumor. Dependendo da extensão da doença, poderá ser feita uma colectomia parcial, em que somente parte do intestino é removida, ou uma colectomia total, em que é feita a ressecção de todo o cólon.
Diversos fatores são levados em conta na realização ou não de uma ostomia, abertura abdominal para eliminação das fezes depois da remoção do intestino.
Já o câncer anal nem sempre requer intervenção cirúrgica e estudos recentes têm apontado boas respostas dessa neoplasia à tratamentos imunoterápicos.
Ambas as doenças têm altas chances de cura quando detectadas precocemente.
Espero que tenha ficado claro como o câncer de ânus e o câncer colorretal são diferentes entre si. Com mais informações, acredito que a população poderá prevenir melhor o surgimento dessas neoplasias, e, principalmente, buscar orientação médica a partir do surgimento de sintomas.