Todos os anos, a Sociedade Americana do Câncer fornece uma atualização da ocorrência de câncer colorretal com base em dados de incidência e mortalidade pela doença.
No relatório deste ano, a instituição forneceu uma visão abrangente das estatísticas atuais nos Estados Unidos, incluindo o número estimado de novos casos e mortes, bem como taxas de sobrevivência, mortalidade e tendências por idade e etnia.
Esses dados foram coletados pelo programa de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais (SEER) do National Cancer Institute (NCI) e pelo Programa Nacional de Registros de Câncer (CDC) do Centers for Disease Control and Prevention (CDC).
Estimativa de novos casos de câncer colorretal
A previsão americana é de 147.950 indivíduos recém-diagnosticados com câncer colorretal em 2020, incluindo 104.610 casos de câncer de cólon e 43.340 casos de câncer retal.
Embora a maioria deles ocorra em indivíduos com 50 anos ou mais, 12% deles serão diagnosticados em pessoas mais jovens.
A taxa de incidência parece aumentar rapidamente com a idade, dobrando aproximadamente a cada 5 anos até a idade de 50 anos. A partir daí, a incidência aumenta em 30% com os grupos subsequentes de 55 anos ou mais.
Um ponto que merece ser destacado é que a taxa em indivíduos de 55 a 59 anos é apenas 15% maior do que a de 50 a 54 anos porque o risco natural associado à idade é interrompido pela triagem inicial do câncer colorretal e pela detecção de tumores prevalentes.
A instituição também prevê cerca de 53 mil mortes por câncer colorretal neste ano, dos quais 7% têm menos de 50 anos.
Diferenças entre homens e mulheres nos índices de câncer colorretal
O risco de desenvolver câncer colorretal é aproximadamente o mesmo entre homens e mulheres devido à maior expectativa de vida feminina. Entretanto, a taxa de incidência é 31% maior nos homens, sendo ainda mais notável em casos de tumores retais.
A disparidade sexual também varia de acordo com a idade. A incidência da doença chegando a ser 40 a 50% maior em homens do que em mulheres de 55 a 74 anos.
Os motivos que explicariam taxas tão altas em homens mais velhos ainda não foram compreendidos, mas podem refletir diferenças na exposição cumulativa a fatores de risco e hormônios sexuais.
Diferenças raciais ou étnicas nos índices de câncer colorretal
Entre os principais grupos étnicos/raciais com taxas mais altas de incidência de câncer colorretal estão os negros e os indígenas americanos/nativos do Alaska, seguidos por brancos não-hispânicos.
Os grupos com menores incidência de câncer colorretal são os hispânicos e asiáticos americanos.
Os motivos para essa disparidade social são complexos, mas refletem diferenças na prevalência de fatores de risco e acesso aos cuidados de saúde, intensificados por status socioeconômico desproporcionalmente baixo entre os negros.
Segundo a pesquisa, 21% da população negra vive na pobreza, em comparação a 8% dos brancos não-hispânicos. Pessoas com status socioeconômico mais baixo têm 40% mais chances de serem diagnosticadas com câncer colorretal do que as demais.
Cerca de metade dessa disparidade é atribuída a diferenças na prevalência de fatores de risco como tabagismo e obesidade, enquanto a outra metade se deve a diferenças históricas na captação da triagem de câncer colorretal.
Após o controle dos fatores de risco, os indivíduos negros não têm mais probabilidade do que brancos de desenvolver câncer, mas têm menos probabilidade de receber acompanhamento oportuno com teste de triagem positivo e colonoscopia de alta qualidade.
Esses fatores, somados à desigualdades nas comorbidades e características do tumor, contribuem para uma maior mortalidade entre os negros.
Tendências temporais da incidência do câncer colorretal nos Estados Unidos
Tanto entre os homens quanto entre as mulheres, as taxas gerais de incidência do câncer colorretal aumentaram de 1975 até meados de 1980, diminuindo desde então. Esse declínio está associado à mudanças em comportamentos de risco, como diminuição do tabagismo, e ao aumento de triagens.
Um declínio acelerado na incidência do câncer colorretal é notável desde 2000, e reflete a rápida disseminação da triagem por colonoscopia, exame mais eficaz para prevenção do câncer colorretal.
Embora esses dados reflitam a realidade específica dos Estados Unidos, nos fornecem reflexões e pistas do que pode ser o cenário atual da doença em nosso país. O documento, publicado no site da Sociedade Americana do Câncer, pode ser acessado na íntegra.