A cirurgia robótica é, sem dúvidas, um dos maiores avanços da medicina dos últimos anos. Essa tecnologia está presente no território brasileiro desde 2008 e, atualmente, está presente em todas as regiões do país.
O que é a cirurgia robótica
A cirurgia robótica é um procedimento minimamente invasivo que segue a mesma linha da videolaparoscopia: longos instrumentos são inseridos na parede abdominal ou torácica do paciente para realização da cirurgia.
Entretanto, enquanto na videolaparoscopia as pinças são manipuladas pela mão do cirurgião, que fica em pé ao lado do paciente, na cirurgia robótica são os braços do robô quem se movem reproduzindo os movimentos de um cirurgião, à distância.
O cirurgião fica sentado em um console com os dedos polegar, indicador e médio inseridos numa espécie de joystick que dirige os movimentos do robô, sem tremores e nem cansaço. Enxergando por um visor, a visão do cirurgião é tridimensional e de alta qualidade.
Além de evitar uma grande incisão para acessar os órgãos comprometidos, a cirurgia robótica tem como principal vantagem sua alta precisão, sendo muito indicada para procedimentos complexos, difíceis de serem realizados por videolaparoscopia.
História e desafios da popularização da cirurgia robótica no Brasil
A primeira cirurgia robótica realizada no Brasil aconteceu em 2008, no Hospital Israelita Albert Einstein. Doze anos depois, o país já fez mais de 30 mil procedimentos do gênero e mais de 70 plataformas robóticas no país.
A região Sudeste concentra o maior número de cirurgias e aparelhos, especialmente São Paulo, mas o Rio Grande do Sul, Paraná, Brasília, Pará, Ceará e Pernambuco também já possuem robôs cirurgiões.
Apesar da expansão da cirurgia robótica em território brasileiro, os altos custos do equipamento ainda são obstáculos para que esse tipo de procedimento chegue à rede pública. Cada robô custa cerca de R$12 milhões e pesa mais de 500 quilos, necessitando de um amplo espaço dedicado somente à ele no hospital.
Atualmente, somente cinco hospitais públicos possuem essa tecnologia, em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande Sul.
Um outro desafio para a popularização da cirurgia robótica no Brasil é a cobertura dos planos de saúde, já que em sua grande maioria, os convênios não cobrem cirurgias robóticas. Entretanto, os planos estão se conscientizando a respeito das vantagens dessa tecnologia e já cobrem alguns procedimentos total ou parcialmente.
Os impactos da pandemia na cirurgia robótica no Brasil e no mundo
A Intuitive Surgical, empresa norte-americana que lidera o mercado de robôs cirurgiões divulgou alguns dados que demonstram uma queda expressiva na realização de cirurgias robóticas no segundo trimestre de 2020.
A mesma tendência foi observada no número de exportações do robô, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Esses dados não surpreendem, já que desde março de 2020 a recomendação geral é de adiar cirurgias eletivas e apostar em tratamentos que evitem a ida e permanência de pacientes em hospitais, a fim de evitar a contaminação por coronavírus. Outro ponto importante é deixar os hospitais liberados para o tratamento daqueles com complicações graves pela Covid-19.
No começo da pandemia, surgiu a preocupação com a possível contaminação da equipe médica por meio dos aerossóis utilizados em procedimentos minimamente invasivos. Entretanto, com os cuidados certos, esse tipo de cirurgia é segura para o paciente e também para a equipe.
A verdade é que o impacto da pandemia de coronavírus na saúde global e na economia são incontornáveis, e a demanda por esse tipo de procedimento continuará existindo com ou sem o vírus. Afinal, a cirurgia robótica é o padrão ouro no tratamento de diversas doenças malignas e benignas.
Perspectivas da cirurgia robótica nos próximos anos
Enquanto as patentes da Intuitive Surgical começam a vencer, os concorrentes da empresa norte-americana já estão preparando seus próprios robôs cirurgiões.
A própria Intuitive Surgical parece já estar se preparando para a chegada dos concorrentes em meio à crise econômica, disponibilizando instrumentos de alta duração e com custos reduzidos.
A previsão é de que com mais concorrência, o próprio Sistema Cirúrgico da Vinci passe a ter um preço mais em conta.
Além disso, seus adversários estão sendo prometidos em valores reduzidos em relação ao pioneiro americano. Um exemplo é o MIRA, mini robô da Virtual Incision que pesa menos de dois quilos e é voltado para cirurgias abdominais.
Ainda é cedo para dizer quando essas novas tecnologias vão chegar em território brasileiro. Até lá, aguardamos com entusiasmo o que parece ser uma expansão da cirurgia robótica no Brasil e no mundo.