Quem sofre com a constipação frequente com certeza já recorreu aos laxantes para esvaziar o intestino. Esses medicamentos podem ser aliados do funcionamento intestinal quando são prescritos pelo médico, mas se utilizados incorretamente podem prejudicar a saúde e causar complicações sérias.
Antes de falar sobre a constipação e o uso de laxantes, é importante esclarecer o que de fato é considerado prisão de ventre. Muitas pessoas acham que é necessário evacuar todos os dias, mas ir ao banheiro, no mínimo, três vezes por semana, é considerado normal.
Causas da constipação
Mais comum entre as mulheres, a prisão de ventre afeta cerca de 20% da população brasileira. No caso delas, os hormônios femininos de fato contribuem para a constipação, além das questões socioculturais que levam as mulheres a segurarem as fezes.
Doenças como a diverticulose e o câncer colorretal também podem provocar mudanças súbitas no hábito intestinal. Entretanto, em muitos dos casos, a prisão de ventre é causada por má alimentação, pouco consumo de água e sedentarismo. Em conjunto, esses três hábitos ruins prejudicam significativamente a saúde intestinal, levando à constipação e muitos outros problemas.
Os riscos do uso excessivo de laxantes
Por serem vendidos sem receita, os laxantes são muito populares entre quem sofre com a constipação. Afinal, eles aliviam rapidamente a sensação de desconforto e inchaço causada pela prisão de ventre.
O principal problema em recorrer ao laxante com tanta frequência é que ele não resolve o problema da constipação. O paciente percebe que precisa evacuar, não consegue e recorre ao laxante, para repetir esse ciclo novamente depois de alguns dias.
Com o tempo, o intestino pode se tornar dependente do remédio, passando a funcionar apenas depois dos estímulos do laxativo. A pessoa passa a ter que tomar doses cada vez maiores, o que pode levar a problemas cardíacos ou renais devido à eliminação de eletrólitos importantes, como o cálcio, além de vitaminas e nutrientes.
Essa dependência ocorre porque o laxante irrita a mucosa intestinal. Com o tempo, essa irritação constante leva ao alisamento das estruturas chamadas haustrações, pequenas dobrinhas que ajudam a moldar as fezes e facilitam as contrações que ajudam na movimentação do bolo fecal pelo intestino.
A flora intestinal também sofre com o uso excessivo de laxantes. No intestino humano vivem milhões de bactérias que são grandes aliadas da digestão e que vivem em um delicado equilíbrio. Quando grande parte delas é eliminada na diarreia causada pelos laxantes, a digestão fica comprometida.
E, por fim, esse hábito pode impedir que o paciente descubra o que de fato está causando a constipação, mascarando, por exemplo, doenças como a diverticulose e o câncer colorretal.
Vale ressaltar que o bom funcionamento intestinal é fundamental para prevenir o surgimento de pólipos pré-cancerosos e muitos outros problemas intestinais como hemorroidas, fístulas e fissuras anais.
Exceto em situações específicas, como idosos acamados ou pessoas com hemorroidas graves que sentem muita dor para evacuar, por exemplo, o uso de laxante não pode ser considerado tratamento para constipação. Ou seja, esse tipo de medicamento só deve ser utilizado com indicação médica, ok?
No lugar do laxante, experimente beber pelo menos dois litros e meio de água por dia e incluir alimentos ricos em fibra como mamão, laranja e aveia na sua dieta. Caso não observe melhora no trânsito intestinal em algumas semanas, procure um coloproctologista para investigar a causa da constipação.