Quem lida com as doenças inflamatórias intestinais está sujeito a algumas possíveis complicações da doença. No caso da doença de Crohn, uma das mais graves é a estenose, estreitamento parcial ou total do intestino, dificultando a passagem das fezes. Aproximadamente um terço das pessoas diagnosticadas com essa enfermidade vai desenvolver uma estenose.
Embora sejam mais comuns em estágios mais tardios da doença de Crohn, as estenoses podem ocorrer em qualquer fase da doença. Geralmente, as partes do intestino que se tornam mais estreitas são mais afetadas pela inflamação ou que possuem tecido cicatricial de cirurgias prévias.
Classificação das estenoses
As estenoses podem ser classificadas entre inflamatórias ou fibrosas. Enquanto as estenoses inflamatórias são causadas pelo processo inflamatório em si, as estenoses fibrosas são resultado do acúmulo de tecido cicatricial nas paredes do intestino, depois de um longo tempo de inflamação ou uma cirurgia realizada em outro momento.
Na maioria dos casos, as estenoses combinam essas duas classificações, mas aquelas que são predominantemente fibrosas costumam ser mais graves e necessitam de formas de tratamento mais invasivas.
Além disso, as estenoses também podem ser divididas de acordo com seu número e extensão, podendo ser únicas, múltiplas, longas ou curtas.
Sintomas e diagnóstico de estenose
Os sintomas da estenose podem variar de acordo com a gravidade do bloqueio intestinal. Em casos leves a moderados, o paciente poderá experienciar câimbras abdominais, dor abdominal, inchaço, perda do apetite e fadiga.
Já em casos mais graves, o indivíduo pode sentir dor abdominal intensa, náuseas, vômitos, constipação e distensão abdominal significativa. Ao experienciar esses sintomas, é muito importante que o paciente entre em contato com seu médico responsável para uma avaliação.
Por meio do exame clínico, laboratoriais e de imagem, o médico poderá ter certeza de que a causa dos sintomas é uma estenose e indicar o tratamento adequado.
Tratamento da estenose
O tratamento da estenose irá depender da gravidade do problema. Enquanto casos mais simples podem ser tratados com medicamentos, outros vão necessitar de dilatação endoscópica e até mesmo uma cirurgia intestinal.
O tratamento endoscópico pode ajudar a evitar ou adiar a cirurgia definitiva. Nesse procedimento, inserimos um tubo fino e flexível pelo ânus ou boca do paciente, e, na região do estreitamento, inflamos um balão para causar dilatação no local. De maneira geral, esse método é utilizado em estenoses curtas.
Já a cirurgia pode ser realizada de duas maneiras: se a estenose for curta e mais simples, é possível remodelar a porção afetada pelo estreitamento, sem necessidade de remover parte do órgão.
Entretanto, quando a estenose é longa ou obstruiu mais seriamente a passagem das fezes pelo intestino, pode ser necessário realizar uma cirurgia de remoção de parte do órgão, com realização de uma anastomose e, em alguns casos, um estoma.
Muitas vezes, ao identificar uma estenose leve e assintomática, o médico poderá indicar apenas um acompanhamento com mudanças na dieta para evitar um bloqueio intestinal na região do estreitamento.
Essa pode ser uma medida interessante para aqueles que querem adiar a cirurgia ou que não podem realizar a dilatação endoscópica por algum motivo. Contudo, a estenose não pode ser ignorada e, eventualmente, irá se tornar sintomática e o tratamento não poderá ser adiado.