A remoção de parte ou da totalidade do intestino pode ser necessária para tratar determinadas doenças como o câncer colorretal, doença de Crohn, colite ulcerativa, doença diverticular, polipose adenomatosa familiar, alguns casos de obstrução intestinal, entre outras.
Embora a perspectiva de remover um órgão tão importante para a digestão e nutrição seja mesmo assustadora para muitos pacientes, a colectomia é, na verdade, um procedimento capaz de melhorar muito a qualidade de vida do paciente e, em muitos casos, salvar sua vida.
No caso de pacientes com câncer, remover a porção afetada do intestino aumenta muito as chances de cura, enquanto aqueles com doenças inflamatórias intestinais e doença diverticular tendem a sentir uma diminuição significativa nos sintomas. Entretanto, aqueles com polipose adenomatosa familiar precisam remover o intestino grosso logo na adolescência para prevenir o desenvolvimento de tumores.
Com tantas indicações, a cirurgia de remoção do intestino é relativamente comum e desperta muitas dúvidas nos pacientes. Esse é um dos procedimentos que mais realizo e, por isso, quero esclarecer as principais perguntas que ouço no meu consultório.
Como é feita a cirurgia?
A cirurgia pode ser feita por via aberta, laparoscópica ou robótica. Atualmente, de acordo com as especificidades de cada paciente, dou preferência a realizá-la por via robótica, alternativa mínimamente invasiva que oferece alta precisão e recuperação rápida.
Com o paciente sedado, fazemos pequenas incisões em seu abdômen, por onde são inseridos os instrumentos utilizados na cirurgia, e uma pequena câmera capaz de capturar imagens em 3D e alta resolução.
Sentado de maneira ergonômica, distante do paciente, o médico controla os movimentos dos instrumentos por um console. Ele vai fazer cortes em duas extremidades do intestino, para remover a porção afetada pela doença.
Nesse momento, o cirurgião realiza uma anastomose ou um estoma. Com a anastomose, as fezes seguem o fluxo natural, saindo pelo ânus. Já o estoma é uma abertura abdominal conectada a uma das extremidades do intestino, por onde sairão as fezes.
Vou ter que usar bolsa de colostomia?
Não necessariamente. Muitos pacientes realizam a colectomia total ou subtotal e, por meio de uma anastomose, são capazes de evacuar pelo ânus.
Entretanto, em muitos casos não é possível realizar essa cirurgia, seja pela extensão da porção removida ou pelo alto risco de infecção.
Em situações como essa será mesmo necessário utilizar uma bolsa de colostomia ou ileostomia, de maneira provisória ou permanente.
Vou perder muito peso?
Cada paciente é único, mas é comum haver uma perda de peso significativa no pós-operatório. Não só é necessário um gasto calórico grande para a recuperação, como há, também, perda da superfície de absorção do intestino retirado.
Vai levar um tempo até que o organismo se acostume com a nova realidade e, nesse período de adaptação, é muito importante beber bastante água e cuidar da alimentação. O médico responsável irá informar o paciente a respeito de todas essas questões antes e depois da cirurgia.
A cirurgia tem risco de vida?
Os riscos de qualquer procedimento cirúrgico dependem de uma série de variáveis de acordo com o procedimento em si, a doença e a saúde geral do paciente. Na literatura médica, o índice de mortalidade da colectomia é baixo, principalmente quando realizada com métodos minimamente invasivos, que minimizam os riscos associados ao procedimento, como o de sangramento, por exemplo.
Mais uma vez, destaco as vantagens da cirurgia robótica: como o cirurgião opera com a visão aumentada, em 3D, e o console é capaz de filtrar possíveis tremores durante o procedimento, diversas pesquisas apontam que essa técnica oferece menores índices de complicação durante e depois da cirurgia devido ao seu alto nível de precisão.
Vou perder minha qualidade de vida?
Passar por uma cirurgia como essa com certeza traz impactos à vida do paciente. Além de passar por um procedimento de grande porte e enfrentar um período pós-operatório, será necessário repensar sua dieta e, em diversos casos, se adaptar ao uso da bolsa de colostomia.
Entretanto, esses desafios não significam uma perda da qualidade de vida, necessariamente.
Depois desse período de adaptação, muitos pacientes têm uma vida praticamente normal depois de remover o intestino, recebendo o apoio da equipe médica, participando grupos de pessoas ostomizadas ou que também passaram pela colectomia, e, é claro, se informando bastante a respeito dessa nova realidade.
No meu Instagram e Facebook costumo sempre compartilhar dicas que facilitam esse processo de adaptação para pessoas recém-ostomizadas ou que passaram pela cirurgia de remoção do intestino. Acompanhe!