O amianto é um mineral à base de fibras cuja extração está proibida em 55 países, sendo um deles o Brasil. Ele era muito utilizado na fabricação de telhas e caixas d’água e, atualmente, é considerado um cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde e também pelo Instituto Nacional do Câncer.
O tipo de câncer mais associado a esse mineral é o mesotelioma, que pode afetar principalmente a pleura, tecido que envolve o pulmão, mas também o peritônio, membrana que envolve todos os órgãos da cavidade abdominal. Eu mesmo sou especialista no tratamento do mesotelioma peritoneal e preciso dizer que a doença é muito agressiva, com prognóstico muito ruim até pouco tempo atrás.
As maiores vítimas dessa doença são pessoas que trabalharam com o amianto, em fábricas ou minas, quando o material é fragmentado e suas fibras microscópicas ficam suspensas no ar. Inclusive, há estudos que apontam que até os moradores da região ou da mesma casa de um trabalhador do amianto estão correndo riscos de desenvolver mesotelioma.
Outra consequência do contato com o amianto é o desenvolvimento de câncer de pulmão, laringe, ovários e doenças respiratórias graves, como a asbestose, que causa inflamação e formação de fibrose (tecido cicatricial excessivo) nos pulmões.
Conexão entre mesotelioma peritoneal é clara, apesar de mais fraca
Em comparação às evidências de que o amianto causa o mesotelioma pleural, a relação entre esse mineral e o mesotelioma peritoneal é mais fraca.
Aproximadamente 33% a 50% dos pacientes diagnosticados com a doença tiveram exposição ao amianto, mas é preciso considerar que o mesotelioma do peritônio representa uma minoria dos mesoteliomas malignos (menos de 10%). Por esse motivo, temos mais pesquisas envolvendo o tumor da pleura.
Além disso, o tempo e a duração da exposição não parece ter relação direta com o desenvolvimento da doença. Alguns casos de exposição prolongada não resultaram na formação do tumor, enquanto exposições curtas causaram doença muito agressiva.
Por outro lado, um estudo italiano encontrou, também, um aumento contínuo do risco de ter a doença com o tempo da primeira exposição.
Já em relação ao gênero, 23% das mulheres com mesotelioma peritoneal reportaram exposição ao amianto, em comparação a 58% dos homens.
Como o amianto causa câncer
O amianto pode ser fragmentado na forma de fibras microscópicas muito flexíveis que, quando inaladas ou engolidas, dificilmente são eliminadas ou desintegradas pelo corpo humano. Essas fibras ficam presas nas delicadas membranas que circundam os pulmões e o abdômen.
Ao longo dos anos, essas fibras causam irritação e inflamação que danificam as células e seu DNA. São as mudanças genéticas causadas por DNA danificado que podem levar à multiplicação de células anormais e ao desenvolvimento do câncer.
Infelizmente, no caso do mesotelioma peritoneal, a doença só costuma ser diagnosticada quando o paciente já está em estado grave, apresentando sintomas como problemas digestivos, mudanças nos hábitos intestinais, náusea e ascite (desenvolvimento de inchaço na região da barriga, com líquido).
Se você quer saber mais sobre esse tipo de tumor, confira esse post em que explico como é feito o tratamento do mesotelioma e do pseudomixoma peritoneal.