A cirurgia robótica tem se destacado como uma abordagem inovadora e avançada no campo médico e cada vez mais pacientes se beneficiam dessa técnica, que é menos invasiva e garante excelentes resultados.
Por isso, cada vez mais, tem crescido a procura de médicos que desejam se especializar nesse tipo de abordagem cirúrgica. Mas, para se tornar um cirurgião robótico é necessário seguir etapas específicas de formação, passar por treinamento intensivo e acumular experiência prática, antes de manipular o robô e realizar cirurgias sem acompanhamento.
Neste texto, vou abordar as etapas do processo de formação, a quantidade de horas de treinamento no robô cirúrgico e o número de cirurgias a serem acompanhadas antes de se considerar apto a operar de forma independente.
Primeiros Passos Para a Especialização em Cirurgia Robótica
Antes mesmo de iniciar a especialização em cirurgia robótica, o profissional precisa ser formado em medicina e ter especialização técnica por meio de prova de título ou de residência médica em instituição reconhecida pelo MEC.
O órgão que define as regras que deverão ser seguidas pelos candidatos a cirurgia robótica é o Colégio Brasileiro de Cirurgiões, CBC, vinculado à Associação Médica Brasileira, AMB.
Etapas do Treinamento
A especialização em cirurgia robótica começa com aulas teóricas, onde o médico adquire conhecimentos sobre a tecnologia robótica utilizada nos procedimentos cirúrgicos. Isso inclui compreender o funcionamento dos sistemas robóticos, como o da Vinci, principal plataforma utilizada no Brasil hoje, e familiarizar-se com as diferentes ferramentas e instrumentos utilizados.
O treinamento é dividido em quatro módulos, sendo que o primeiro inclui uma média de 20 a 30 horas/aula teóricas. Também são disponibilizadas inúmeras gravações de cirurgias robóticas onde o aluno pode ir se familiarizando com as técnicas,
No segundo módulo, o aluno começa a treinar em um simulador. Nessa fase, o treinamento tem uma duração de 20 a 40 horas/aula, dependendo da especialidade médica escolhida, sendo que o mínimo de horas obrigatórias são 20h/aula.
A terceira etapa da especialização é chamada de in-service, onde o médico coloca em prática tudo o que aprendeu tanto na teoria, quanto no simulador. Nessa etapa, o aluno é acompanhado por um cirurgião e a quantidade de horas/aulas dependerá do tipo de procedimento escolhido.
No quarto módulo, o médico em treinamento deverá realizar pelo menos 10 cirurgias robóticas acompanhado por um proctor, sendo pelo menos 3 delas na especialidade em que deseja atuar. O aluno só estará apto a manusear o robô sozinho após passar por uma avaliação do cirurgião-instrutor em cirurgia robótica, que deverá atestar a capacidade do profissional.
Passadas essas quatro fases, o médico estará habilitado a realizar cirurgias robóticas.
Atualizações e aperfeiçoamento contínuo
Assim como em qualquer área médica, a cirurgia robótica está em constante evolução. É essencial que o cirurgião robótico esteja sempre atualizado com os avanços mais recentes, novas técnicas e tecnologias. Participar de cursos de atualização, conferências e workshops é fundamental para aprimorar as habilidades e oferecer o melhor cuidado aos pacientes.
Além de cirurgião robótico, também sou professor no curso de cirurgia robótica da rede Mater Dei de Saúde e proctor em cirurgia robótica coloproctológica.
Conclusão
A formação em cirurgia robótica exige um percurso rigoroso, que envolve especialização, treinamento prático no robô cirúrgico e acompanhamento de cirurgias. É necessário acumular horas de treinamento e acompanhar um número significativo de cirurgias antes de ser considerado apto a operar de forma independente. O processo de formação e aperfeiçoamento contínuo são fundamentais para oferecer aos pacientes os benefícios da cirurgia robótica com excelência e segurança.