O pseudomixoma peritoneal é um tipo de câncer muito raro que costuma começar no apêndice, como uma pequena lesão benigna. Em casos ainda mais atípicos, pode começar também no intestino ou nos ovários.
Essa lesão cresce e passa a produzir mucina, um muco gelatinoso, fazendo com que o apêndice aumente de tamanho. Eventualmente, esse líquido espalha células cancerígenas para toda a extensão do peritônio.
Por isso, tumores que causam o pseudomixoma são chamados de mucinosos e costumam causar aumento significativo do abdômen.
Outra característica do pseudomixoma peritoneal é que, apesar de ser uma condição maligna, não se espalha para outras partes do corpo, crescendo somente dentro do abdômen.
No entanto, como esse câncer atinge justamente o peritônio, que recobre praticamente todos os espaços e órgãos da região abdominal, o funcionamento de alguns deles pode ser afetado.
Sintomas da pseudomixoma peritoneal
Difícil de diagnosticar, o pseudomixoma evolui muito lentamente, apresentando sintomas somente na fase mais avançada da enfermidade.
Normalmente, os primeiros sintomas da doença só vão ser notados depois de as células cancerígenas se espalharem pela região. É quando toda a cavidade peritoneal se encontra afetada, pressionando o intestino e causando obstrução intestinal.
Essa neoplasia é mais comum em mulheres acima dos 40 anos. Há o risco de ser confundido com o câncer de ovário, que também causa inchaço abdominal por produzir mucina. Além desse, outros sintomas desse tipo de câncer são:
- Dor abdominal ou na pelve
- Aumento do volume abdominal
- Constipação intestinal em pacientes que não apresentavam o sintoma
- Perda de apetite e perda de peso
- Sensação de estufamento depois de comer
- Dificuldade de engravidar no caso das mulheres
Esses sintomas não são exclusivos do pseudomixoma peritoneal, portanto, o acompanhamento médico é essencial para o diagnóstico, principalmente por se tratar de uma doença bastante rara.
Como é feito o diagnóstico do pseudomixoma peritoneal
Para diagnosticar o pseudomixoma peritoneal é necessário combinar diversos exames, já que as doenças que se espalham pelo peritônio podem ser difíceis de identificar apenas utilizando exames de imagem.
A ecografia de abdômen, por exemplo, não identifica essa neoplasia facilmente.
Os exames laboratoriais podem indicar anemia evidenciada num hemograma, além de desnutrição significativa na dosagem de albumina. Alguns marcadores tumorais também podem demonstrar elevação sanguínea.
Já a tomografia computadorizada pode oferecer imagens da lesão inicial do tecido afetado, além de sinais da mucina na cavidade abdominal.
Fundamental para confirmar o diagnóstico de pseudomixoma peritoneal, a biópsia vai diferenciar esse tumor de outras neoplasias abdominais. Esse procedimento geralmente é realizado por via laparoscópica, com punções de agulha.
É possível que o tumor seja descoberto, por acaso, em cirurgias abdominais para outros fins.
O tratamento do pseudomixoma peritoneal
O único tratamento eficaz para o pseudomixoma peritoneal é a cirurgia. Dependendo do quanto a neoplasia afetou o peritônio e da saúde do paciente, a quimioterapia pode ou não ser associada ao procedimento cirúrgico.
A primeira opção costuma ser a cirurgia combinada com quimioterapia local, que consiste na colocação de quimioterápico a 42° C, na cavidade peritoneal, por 30 a 90 minutos. Nesse caso, será realizada uma cirurgia citorredutora, com quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (HIPEC).
Esse é um procedimento aberto, em que diversos órgãos podem ser removidos para que toda a mucina seja retirada. Em seguida, o cirurgião fará uma infusão de medicamentos aquecidos com mecanismo de circulação e manutenção da temperatura do líquido para que o paciente não fique hipotérmico.
Como a doença afeta principalmente o intestino, pode ser necessário fazer um estoma, em que as fezes serão eliminadas por um orifício no abdômen e coletadas numa bolsa de colostomia. No entanto, esse procedimento poderá ser revertido em cerca de 3 a 6 meses.
Como essa é uma cirurgia com cerca de 12 horas de duração e de alta complexidade, é fundamental que seja realizada por um cirurgião experiente em oncologia.
A quimioterapia pode ser utilizada quando o paciente não tem condições clínicas para a cirurgia, ou para complementar o tratamento.
O prognóstico do pseudomixoma peritoneal
O pseudomixoma peritoneal tem alta chance de cura, já que, apesar de ser um tumor maligno, não se espalha por outros órgãos do abdômen.
Com tratamento adequado, a taxa de cura da doença é bastante elevada.
No entanto, sem a cirurgia citorredutora e quimioterapia essa enfermidade, quase certamente, será letal.