Quando falamos na luta contra o câncer colorretal, as palavras-chave devem ser sempre a prevenção e rastreamento da doença. Apesar dos tratamentos estarem cada vez mais avançados e efetivos, esse tipo de tumor se destaca como a única doença maligna que pode ser prevenida por meio do rastreamento.
Isso porque ao identificarmos um pólipo pré-canceroso durante o rastreamento por colonoscopia, ele pode ser removido antes que se torne um tumor, sem necessitar de cirurgia ou qualquer outro tratamento adicional.
Apesar de ser o único exame que permite já realizar algum tipo de terapia diante dos achados, existem outras opções de rastreamento do câncer colorretal. Quando bem indicados, esses recursos são grandes aliados na luta contra esse tipo de tumor.
As opções de rastreamento para o câncer colorretal e suas vantagens e desvantagens
É possível rastrear o câncer colorretal por meio da colonoscopia tradicional, da colonoscopia virtual, do teste de sangue oculto nas fezes e do teste de DNA em fezes. Cada um deles tem suas vantagens e desvantagens, mas já adianto que o mais sensível e amplamente utilizado é a colonoscopia tradicional.
Colonoscopia
A recomendação geral para homens e mulheres brasileiros é realizar uma colonoscopia de rotina aos 45 anos e repetir o exame periodicamente de acordo com o que for encontrado. Trata-se de um exame em que, com o paciente sedado, inserimos pelo ânus do paciente um tubo fino e flexível com uma microcâmera na ponta.
Assim, será possível visualizar toda a extensão do intestino grosso e diagnosticar possíveis anomalias como doença inflamatória intestinal, diverticulose, obstrução ou tumores. Caso um pólipo seja identificado, ele poderá ser removido durante a colonoscopia e enviado para biópsia.
Muitas pessoas têm medo da colonoscopia, mas esse exame na verdade não é doloroso e nem vexatório!
Entretanto, pode haver algum desconforto durante a preparação, em que o cólon precisa ser esvaziado com laxativos prescritos pelo médico. Após o exame, o paciente precisará de ajuda para ir para casa, e ainda irá levar algumas horas para se recuperar completamente da sedação.
Exame de sangue oculto nas fezes
Esse é um teste laboratorial que busca verificar se há presença de sangue em quantidades microscópicas nas fezes do paciente. Esse exame costuma ser solicitado para pacientes jovens com determinados tipos de sintoma, ou como uma espécie de triagem para a colonoscopia em pacientes com a saúde fragilizada ou que estão muito relutantes em fazer a colonoscopia.
O exame de sangue oculto nas fezes não é invasivo e não causa nenhum tipo de dor. Normalmente, o paciente pode coletar o material em casa e levar para o laboratório fazer a análise, sem necessitar de qualquer preparação específica.
Se sangue for detectado nas fezes do paciente, será necessário entender o que está causando o sangramento, e a colonoscopia ainda é a melhor forma de fazer isso.
Teste de DNA nas fezes
Devido ao seu alto custo, o teste de DNA das fezes não é amplamente utilizado para rastrear o câncer colorretal, mas quis trazer esse tema para que você conheça essa possibilidade.
Esse teste utiliza uma amostra de fezes para procurar mudanças celulares que poderiam indicar a presença de câncer colorretal ou pólipos pré-cancerosos. Também não é necessário realizar qualquer preparação, apenas coletar as fezes em casa e enviar para o laboratório.
Além do alto curso, o teste de DNA nas fezes não é capaz de identificar pólipos pré-cancerosos tão bem quanto a colonoscopia, e se alterações forem encontradas, ainda será necessário realizar outros tipos de teste.
Colonoscopia virtual
Numa colonoscopia virtual, utilizamos uma tomografia computadorizada para produzir imagens do cólon. Para produzir imagens nítidas, inserimos ar pelo ânus de maneira que o intestino fique inflado.
Embora a colonoscopia virtual não necessite de sedação ou da inserção do tubo no ânus do paciente, ainda é fundamental fazer o preparo para o exame e que o cólon esteja limpo.
Como a colonoscopia virtual é apenas um exame de imagem, caso alguma anormalidade seja detectada, como um pólipo, a colonoscopia tradicional ainda será necessária. Além disso, esse teste não é capaz de identificar pólipos ou tumores pequenos.
Todos esses fatores tornam a colonoscopia um exame imprescindível na prevenção e rastreamento de tumores intestinais. Afinal, essa é a ferramenta mais completa e efetiva que temos no momento para combater o câncer colorretal.
Então por que ainda utilizamos esses outros recursos? Bom, nada impede que eles possam ser utilizados de maneira complementar, sempre visando oferecer conforto e precisão para o paciente.
Como expliquei, cada uma delas possui sua especificidade, e podem ser úteis em casos específicos: pacientes com problemas relacionados à sedação podem se beneficiar de uma colonoscopia virtual, ou mesmo aqueles com condições que tornam a inserção do colonoscópio um risco.
Já o exame de sangue oculto nas fezes pode ser um norteador a respeito da necessidade da colonoscopia em idosos avançados, por exemplo!
Se você tem alguma dúvida sobre o rastreamento do câncer colorretal, pode deixar aqui nos comentários!
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