Em junho deste ano, a cirurgia robótica deu mais um passo importantíssimo: a plataforma cirúrgica Hugo, da empresa norte-americana Medtronic, realizou o seu primeiro procedimento. A cirurgia foi uma prostatectomia radical, realizada numa clínica chilena, iniciando com louvor a coleta de dados para que o robô possa ser registrado em diversos países.
Esse novo robô promete diminuir os custos da cirurgia robótica por ser mais leve, portátil e versátil, contando com diversas atualizações sem que outra plataforma precise ser adquirida pelo hospital.
Na prática, isso pode se refletir na popularização da cirurgia robótica, já que, atualmente, apenas uma minoria de todas as cirurgias são realizadas com essa tecnologia. Os principais obstáculos para que ela seja amplamente utilizada são os altos custos do equipamento e a infraestrutura necessária para utilizá-la.
Hugo RAS combina tecnologia e custo baixo
Durante a apresentação do Hugo RAS para os investidores, em 2019, a Medtronic, que é líder em tecnologia médica, afirmou que seu objetivo principal é tornar o robô disponível para equipes de cirurgia com um custo por procedimento similar ao da laparoscopia.
Isso pode ser possível porque cada parte do Hugo fica num compacto carrinho, separados um por um. Os braços do robô e a torre de visualização podem ser movidos pelo hospital de acordo com a demanda, ao contrário do pioneiro Da Vinci, que precisa ficar permanentemente numa só sala.
Um dos destaques do Hugo é a possibilidade de oferecer aos cirurgiões as tecnologias da Medtronic que eles já estão acostumados a usar na laparoscopia, de maneira que os instrumentos e gerador do robô também possam ser reaproveitados em procedimentos minimamente invasivos laparoscópicos e até em cirurgias abertas.
Sua tecnologia de visualização também pode ser utilizada sozinha, sem os braços robóticos, em procedimentos laparoscópicos. Ela é equipada com um endoscópio que oferece imagens em alta definição e 3D.
Outro ponto importante é que suas peças e geradores podem ser trocados sem que o hospital precise adquirir um novo sistema, o que contribui muito para reduzir os custos da cirurgia robótica como um todo.
Inclusive, o Hugo oferece a possibilidade de ser desmontado para que seus componentes sejam utilizados em dois procedimentos cirúrgicos diferentes, o que traz versatilidade e multiplica o uso da plataforma.
Insights para constante aprimoramento
Além de oferecer treinamento e outros serviços personalizados para os cirurgiões com simulações e laboratórios práticos, o Hugo também inova no compartilhamento de informações e aprimoramento cirúrgico.
Isso porque a cada procedimento realizado, o robô oferece insights da cirurgia, de maneira que o médico possa analisar informações e compartilhar filmagens pela nuvem de dados diretamente da sala de cirurgia. Essas filmagens podem ser utilizadas no treinamento de cirurgiões.
Por enquanto, o Hugo foi utilizado somente numa prostatectomia radical. De fato, as cirurgias urológicas são destaque no mundo da robótica, mas acredito que não irá demorar até que a plataforma seja utilizada em procedimentos colorretais. Assim que isso acontecer, contarei por aqui!