O megacólon é caracterizado pela dilatação e alongamento da porção final do intestino grosso. Como consequência, o órgão perde lentamente a sua função, tornando a digestão mais demorada e causando cada vez mais constipação. Em alguns casos, os pacientes com megacólon podem chegar a ficar 3 ou 4 semanas sem evacuar e até ter a passagem das fezes completamente obstruída.
A principal causa do megacólon no Brasil é a Doença de Chagas, mas outros problemas também podem estar associados à doença. Alguns exemplos são o hipotireoidismo, neuropatia diabética, deficiências de eletrólitos no sangue e até mesmo cicatrizes intestinais.
Quando associado a doenças inflamatórias intestinais, em especial a retocolite ulcerativa ou outros processos inflamatórios, o chamamos de megacólon tóxico. Por fim, o megacólon também pode ser congênito, ou seja, a pessoa já nasce com o problema. Geralmente, a doença é percebida rapidamente, quando o bebê demora muito para evacuar.
Sintomas de megacólon
A constipação causada pelo megacólon é progressiva, com relato inicial de ausência de evacuação por dois ou três dias, resolvida com laxativo suave ou natural. Entretanto, pouco a pouco a constipação se torna mais intensa e o número de dias entre cada ida ao banheiro vai aumentando, bem como o consumo de laxantes cada vez mais fortes.
Eventualmente, o paciente não consegue mais evacuar e seu abdômen fica distendido devido ao acúmulo de fezes que, frequentemente, evolui para um quadro chamado fecaloma. Trata-se da formação de um bolo fecal ressecado e de grande volume no intestino que os movimentos intestinais não conseguem expulsar. Outra ocorrência possível é o refluxo de fezes do intestino para o estômago e boca.
Como o tratamento é feito
A constipação causada pelo megacólon pode ser tratada paliativamente, com o uso de laxantes, mas o problema só pode ser tratado de fato com a remoção da porção afetada do intestino, que não pode ser recuperada. Para além de possibilitar a evacuação, o objetivo é justamente prevenir complicações sérias como fecaloma, obstrução intestinal, redução do fluxo sanguíneo para o intestino e perfuração intestinal.
Vale ressaltar, porém, que se o paciente tem Doença de Chagas o megacólon vai voltar a se desenvolver mais cedo ou mais tarde.
Em casos de megacólon tóxico, casos leves a moderados são tratados com corticoides e terapia intensiva. Entretanto, caso o paciente não apresente melhora ou tenha sinais de perfuração intestinal em até 72h após o início do tratamento, a cirurgia deverá ser realizada com urgência.
Dependendo da causa e extensão do problema, podemos preservar ou não parte do intestino grosso e o reto do paciente. Quando a cirurgia é realizada de maneira eletiva, as chances de conseguirmos preservar o fluxo natural das fezes, sem necessitar de bolsa de colostomia permanente são favoráveis.
O megacólon é uma intercorrência comum na minha prática, e já tenho muita experiência no tratamento dessa doença. Se você já foi diagnosticado com o problema, procure tratamento médico e evite complicações, ok?