Dr. Rodrigo Gomes

O que o novo coronavírus nos ensina sobre segurança na cirurgia minimamente invasiva

A epidemia do novo coronavírus vai, sem dúvidas, mudar o mundo em que vivemos. Esse é um acontecimento histórico do ponto de vista social, econômico e também médico, afinal, até o presente momento, não foi possível desenvolver uma vacina e nem tratamento comprovadamente eficaz, expondo toda a população ao risco de infecção.

Com EPIs em falta, como máscaras e visores, os profissionais da saúde que estão na linha de frente do tratamento de pessoas doentes estão correndo sério risco de contágio por SARS-COV-2. Fora dessa zona quente, procedimentos cirúrgicos eletivos e exames foram cancelados para evitar sobrecarregar os hospitais e espalhar ainda mais o vírus. Procedimentos de urgência, contudo, precisam continuar acontecendo.

O que um artigo publicado no periódico médico Annals of Surgery levanta é que nós, médicos, técnicos e enfermeiros que não estamos nessa linha de frente devemos, também, nos atentar para o risco de contaminação da equipe por pacientes que testaram positivo para SARS-COV-2, durante os procedimentos.

O grande número de infectados e óbitos na China e Itália podem nos fornecer pistas sobre o futuro no que diz respeito à segurança da equipe cirúrgica, principalmente durante procedimentos minimamente invasivos.

Isso porque para a realização da cirurgia laparoscópica é necessário inflar o abdômen do paciente geralmente com gás carbônico, o que pode expor a equipe ao vírus, caso a pessoa esteja infectada. 

Equipamentos como bisturis elétricos também podem produzir gases e estudos anteriores demonstraram que, na fumaça cirúrgica, estavam presentes vírus do papiloma humano (HPV), vírus da HIV, e Corynebacterium, bactéria causadora de meningite, artrite séptica e infecções do trato urinário. Nesses casos, houve forte suspeita de que os médicos foram contaminados com HPV. 

Em cirurgias laparoscópicas o risco parece ser ainda maior do que em cirurgias abertas, devido às trocas de válvulas, instrumentos e pequenas incisões no abdômen do paciente, que liberam aerosol  no ar e deixam a equipe vulnerável. 

Algumas medidas sugeridas pelos autores do artigo para prevenir a contaminação por SARS-COV-2 são:

  1. Todos os pacientes, antes de passar pela cirurgia, devem passar por testes, estejam eles com sintomas de Covid-19 ou não.
  2. Durante a cirurgia laparoscópica, os instrumentos devem ser mantidos limpos, sem sangue ou outros fluidos corporais e deve-se tomar muito cuidado ao utilizar gás para evitar vazamentos.
  3. Equipamentos elétricos devem ser utilizados em potência mínima, evitando incisões demoradas no mesmo local para evitar fumaça cirúrgica. É importante, também, ter muito cuidado para não danificar equipamentos de segurança, em especial luvas e proteção corporal.
  4. Idealmente, os hospitais devem ser divididos entre pacientes que testaram positivo para SARS-COV-2 e pacientes que testaram negativo.
  5. Maior conscientização educacional a respeito do perigo da contaminação da equipe pelo aerossol utilizado na cirurgia, 
  6. Protocolos de segurança devem ser seguidos à risca, com reforço do EPI e adaptação da sala quando a equipe lidar com paciente suspeito ou com diagnóstico confirmado de Covid-19 . 

Todas essas reflexões são importantes não só durante a pandemia, mas na prática cirúrgica como um todo: é fundamental que pensemos na segurança não só do paciente, mas dos médicos, enfermeiros, anestesistas e técnicos que acompanham o procedimento. 

A Covid-19 serve de alerta para que nos mantenhamos atentos para a prevenção e controle de infecções, com melhores equipamentos ocupacionais no futuro e protocolos de segurança ainda mais rígidos. 

O que o novo coronavírus nos ensina sobre segurança na cirurgia minimamente invasiva

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