Dr. Rodrigo Gomes

Qualidade de vida depois da cirurgia de câncer retal

A síndrome da ressecção anterior baixa é uma das possíveis complicações depois de uma cirurgia de tratamento do câncer retal, em que toda essa estrutura é removida. Como a síndrome é caracterizada por grandes mudanças intestinais que impactam a qualidade de vida do paciente, muitos esforços têm sido feitos com o intuito de melhorar o quadro dessas pessoas e permitir que tenham um cotidiano normal.

Uma possibilidade pode ser a irrigação transanal, de acordo com um artigo que tive o prazer de publicar no periódico Diseases of the Colon & Rectum, juntamente de seis outros médicos integrantes da Divisão de Cirurgia Colorretal do Hospital das Clínicas da UFMG: Dra. Beatriz Deoti e Silva Rodrigues, Dra. Franciele Rodrigues, Dra. Kelly Buzatti, Dr. Renato Campanati, Dra. Magda Profeta da Luz e Dr. Antônio Lacerda-Filho.

No artigo, avaliamos a funcionalidade e a qualidade de vida de pacientes com síndrome da ressecção anterior baixa após se submeterem a esse método de lavagem intestinal com um sistema de irrigação por colostomia, em que a evacuação é programada. 

O que é Síndrome da Ressecção Anterior Baixa 

Uma das técnicas mais utilizadas para tratar o câncer retal é a ressecção anterior do reto, em que toda a estrutura é removida. Apesar de diminuir significativamente os índices de recidiva locais, muitos pacientes desenvolvem alterações intestinais que, em conjunto, são chamadas de Síndrome da Ressecção Anterior Baixa. 

Os sintomas incluem aumento da frequência evacuatória, urgência evacuatória, muitas idas ao banheiro e incontinência das fezes e gases. Naturalmente, esses efeitos têm impacto muito negativo na qualidade de vida do paciente, especialmente no que diz respeito à sua vida social.

O objetivo do nosso estudo era justamente analisar a viabilidade da irrigação transanal nesses pacientes, possibilitando uma evacuação controlada e consequente alívio dos sintomas. 

Sobre o artigo publicado no Diseases of the Colon & Rectum 

Nosso estudo acompanhou 22 pacientes com Síndrome da Ressecção Anterior Baixa de grave a baixa intensidade, doze meses após a cirurgia de remoção do reto. Suas principais queixas eram incontinência de fezes líquidas, agrupamento de fezes e urgência para defecar, que foram constatadas por meio de um questionário aplicado no início e ao final do estudo. 

Após passarem por um treinamento de três dias consecutivos com o objetivo de capacitá-los para realizar a irrigação em si mesmos com um kit de irrigação para ostomia, nenhum dos pacientes teve complicações durante o tratamento, que durou doze meses. 

Passado esse período, 90% dos pacientes relataram não possuírem mais os sintomas, com excelentes melhorias nos índices de vitalidade e aspectos físicos, sociais e emocionais de sua qualidade de vida. 

No artigo completo, apresentamos um protocolo de implementação de dispositivos para irrigação de ostomia para irrigação transanal, além de corroborar a já existente literatura de que esse método é seguro, efetivo e fácil de ser implementado, trazendo uma série de benefícios para pessoas portadoras da síndrome de ressecção anterior baixa. 

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