Mesmo para quem cultiva hábitos saudáveis ao longo da vida, a velhice chega trazendo alguns problemas de saúde. Um dos órgãos que costumam ser afetados pelo processo de envelhecimento é o intestino, fazendo com que uma grande parcela das pessoas idosas apresente algum problema intestinal.
Apesar de serem comuns, a grande maioria deles não impacta seriamente a qualidade de vida dos idosos. Outros, como o câncer colorretal, por exemplo, podem ser mais debilitantes dependendo do estágio da doença e do estado de saúde geral do paciente.
Como a idade afeta o funcionamento do intestino
À medida em que envelhecemos, muitas funções corporais se tornam mais lentas, e uma delas é a digestão. Isso ocorre porque os músculos do trato digestivo se tornam mais rígidos, fracos e menos eficientes.
Os tecidos também estão mais suscetíveis à lesões porque a regeneração celular já não é tão rápida e eficaz quanto na juventude. Além disso, em muitos casos, o uso de múltiplos medicamentos e o sedentarismo também podem impactar a saúde intestinal dos mais velhos.
Os problemas intestinais mais comuns em idosos
Todas as mudanças mencionadas anteriormente tornam as pessoas idosas mais propensos a terem diversos problemas como diminuição da percepção anorretal, peristaltismo lento, desenvolvimento de pólipos, constipação e dilatação do reto. Esses fatores podem levar ao desenvolvimento de hemorróidas, doença diverticular e câncer colorretal, por exemplo.
Hemorroidas
As hemorroidas são veias inchadas e inflamadas no reto e no ânus que causam dor e sangramento, principalmente ao evacuar. Geralmente, são causadas por esforço na hora de ir ao banheiro.
Os idosos estão especialmente sujeitos à desenvolver hemorróidas justamente por lidarem mais com a prisão de ventre e, consequentemente, fazerem mais esforço na hora de defecar. Outros fatores como obesidade, sedentarismo, tabagismo e hipertensão também podem aumentar as chances do idoso ter hemorroidas.
Doença diverticular
A doença diverticular atinge 70% dos idosos brasileiros, e é caracterizada pela formação pequenas bolsas em formato de balão na mucosa do intestino grosso, entre as fibras do tecido muscular.
Esse problema pode ocorrer tanto por excesso quanto pela falta de tônus muscular no órgão, e pode causar alguns sintomas vagos, como dor discreta no abdômen, inchaço na barriga e flatulência.
A doença diverticular está muito ligada à uma dieta pobre em fibras, que ajudam a criar um volume fecal maior, favorecendo as contrações do cólon. Entretanto, mesmo com a alimentação adequada, a musculatura lisa do intestino perde a elasticidade com o envelhecimento, levando à formação dos divertículos.
A complicação mais comum da diverticulose é a infecção dos divertículos, onde fragmentos de fezes podem ficar armazenados, causando a proliferação de bactérias. Nesses casos, o paciente pode apresentar febre, mal estar, dor permanente no abdômen e interrupção intestinal.
Principalmente em idosos com a saúde mais fragilizada, a diverticulite deve ser tratada com muita atenção, já que a doença pode levar à perfuração do intestino. Geralmente, antibióticos conseguem controlar a doença, mas casos mais graves podem necessitar de cirurgia.
Câncer colorretal
O câncer colorretal, na maioria dos casos, é causado por um pólipo intestinal que se desenvolveu até se tornar uma lesão maligna. As chances de pessoas sem histórico familiar da doença desenvolverem pólipos aumenta significativamente após os 50 anos, quando começa o rastreamento para câncer colorretal.
Esse rastreamento é feito, principalmente, com o exame de colonoscopia, que permite localizar e remover o pólipo, impedindo que ele se desenvolva até formar um tumor. Infelizmente, muitas pessoas ainda não sabem que esse procedimento é fundamental na prevenção do câncer colorretal, e acabam adiando a ida ao coloproctologista.
Esse fator, somado aos problemas intestinais típicos do envelhecimento, tornam os idosos mais propensos a desenvolverem e descobrirem o câncer colorretal em estágio já avançado.
Existe, também, um pouco de controvérsia a respeito da realização da colonoscopia em idosos acima de 75 anos. Uma alternativa menos invasiva é a realização da colonoscopia virtual e outros exames de imagem, mas não têm a mesma precisão do exame tradicional. Cada caso deve ser analisado individualmente.
Como o idoso pode melhorar sua saúde intestinal
Pessoas idosas devem manter um estilo de vida saudável e ingerir bastante fibra para auxiliar a movimentação das fezes pelo intestino. Para isso, a alimentação deve contar com verduras, frutas e grãos integrais como aveia, por exemplo.
Para aqueles que não têm dificuldade de mobilidade, o exercício físico é fundamental, pois previne uma série de doenças e auxilia nas contrações dos músculos intestinais. Mesmo para aqueles que se locomovem com um pouco mais de dificuldade, uma caminhada breve e acompanhada já tem efeitos positivos na saúde intestinal.
Além disso, os idosos devem beber bastante água, prevenindo a formação de fezes duras e ressecadas, que podem contribuir para o desenvolvimento de hemorróidas.
De acordo com o histórico pessoal de cada paciente, o idoso deve manter os exames em dia, seja de colonoscopia ou de sangue oculto nas fezes, além de fazer acompanhamento mais de perto se tiver doença diverticular.