Dr. Rodrigo Gomes

Síndrome de Gardner: o que você precisa saber

A síndrome de Gardner é uma doença rara e autossômica dominante, que significa que  é uma mutação genética e hereditária, onde ocorre uma alteração no gene Adenomatosus Polyposis Coli, ou APC.

Descrita pela primeira vez em 1951 por Elton J. Gardner, a síndrome pertence ao grupo das poliposes adenomatosas familiares (PAF) e se caracteriza pelo desenvolvimento de numerosos pólipos no cólon e no reto, que têm o potencial de se tornarem cancerosos se não tratados adequadamente. Além dos pólipos intestinais, a síndrome pode causar tumores benignos e outras anormalidades em diferentes partes do corpo, incluindo a pele, ossos e dentes.

O que é a Síndrome de Gardner?

A Síndrome de Gardner é uma desordem genética autossômica dominante, o que significa que uma cópia do gene alterado em cada célula é suficiente para a pessoa ser afetada. Esta síndrome é uma variante da polipose adenomatosa familiar (PAF), distinguindo-se principalmente pela presença de tumores desmoides (crescimentos fibrosos), osteomas (tumores ósseos benignos), e cistos epidermoides, além dos pólipos colorretais. 

Os pólipos geralmente começam a se desenvolver durante a adolescência, aumentando o risco de câncer de cólon se não forem monitorados e removidos precocemente. As manifestações extra colônicas da doença, como os osteomas, podem aparecer antes dos pólipos, servindo como um sinal precoce potencial da síndrome.

É possível evitar a Síndrome de Gardner?

Como uma desordem genética, não existe uma maneira conhecida de evitar a Síndrome de Gardner em indivíduos já predispostos geneticamente. No entanto, o rastreamento e a vigilância regulares podem ajudar a evitar complicações sérias, como o câncer colorretal. 

Para famílias com histórico da síndrome, aconselhamento genético e testes podem ser recomendados para identificar membros em risco e iniciar a vigilância precoce. Mudanças no estilo de vida ou dieta não demonstraram evitar o surgimento da síndrome, mas manter uma boa saúde geral pode ajudar a minimizar alguns dos riscos associados.

Diagnosticando essa condição

A Síndrome de Gardner é diagnosticada através de uma combinação de exames físicos, histórico médico e uma série de testes genéticos. O diagnóstico começa com a identificação de sinais físicos característicos, como pólipos no cólon, osteomas e cistos cutâneos. Estes sintomas costumam levar à realização de exames de imagem, como radiografias, para detectar osteomas, e colonoscopias para identificar pólipos no cólon. 

A análise genética também é fundamental para o diagnóstico da doença, pois a presença de mutações no gene APC confirmam a doença. Esta análise é particularmente importante para pessoas que já tenham um familiar diagnosticado, uma vez que a Síndrome de Gardner tem um forte componente hereditário. Daí a importância de uma consulta com um coloproctologista experiente, uma vez que a Síndrome é rara e suas manifestações podem ser confundidas com outras doenças.

Riscos associados à Síndrome de Gardner

A Síndrome de Gardner pode apresentar uma série de riscos e complicações que podem afetar a saúde dos indivíduos de maneira significativa. Entre os principais riscos e complicações estão:

  • Risco elevado de câncer – pessoas com a doença têm um risco significativamente aumentado de desenvolver câncer colorretal devido à presença de múltiplos pólipos adenomatosos no cólon e reto. Além disso, há um risco aumentado de cânceres em outros órgãos, como o estômago, intestino delgado, e tireoide.
  • Osteomas – esses tumores ósseos benignos podem surgir em qualquer parte do esqueleto, mas são mais comuns no crânio e na mandíbula. Embora benignos, eles podem causar deformidades ou complicações se localizados em áreas críticas.
  • Cistos cutâneos e tumores desmoides – os cistos cutâneos são comuns e geralmente inofensivos, mas podem ser numerosos e causar desconforto ou problemas estéticos. Os tumores desmoides são um tipo mais sério de tumor fibroso que frequentemente afetam a região abdominal, podendo causar dor, obstruções intestinais e outros problemas graves.
  • Problemas dentários – a síndrome pode estar associada a anormalidades dentárias, como dentes supranumerários (extras) ou impactados, o que pode levar a complicações na saúde bucal.

Dada a variedade de riscos e complicações associadas à Síndrome de Gardner, o acompanhamento médico regular contribui para a detecção precoce e o manejo adequado de problemas de saúde relacionados. 

Tratamento

O tratamento da Síndrome de Gardner é focado na prevenção do câncer de cólon através da remoção dos pólipos e no manejo dos sintomas associados aos tumores extracolônicos. Em alguns casos, pode ser recomendada a colectomia profilática para remover grande parte do cólon e reduzir significativamente o risco de câncer. 

O tratamento dos tumores e osteomas depende de sua localização e severidade, variando de observação cuidadosa a intervenções cirúrgicas. A gestão multidisciplinar, incluindo especialistas em coloproctologia, cirurgia, dermatologia e genética é fundamental para o cuidado abrangente dos pacientes.

Atualmente, não existe uma maneira conhecida de evitar a Síndrome de Gardner, dada a sua natureza genética. No entanto, o conhecimento e a monitorização da condição podem ajudar a prevenir complicações graves. Isso inclui exames regulares e colonoscopias para detectar precocemente os pólipos e removê-los antes que se tornem cancerígenos. Para famílias que tenham a mutação, o aconselhamento genético é recomendado para discutir os riscos e as opções de gerenciamento, incluindo o mapeamento genético pré-sintomático em membros da família.

Embora seja uma condição rara, a síndrome é bastante complexa, exigindo uma atenção constante por parte do paciente. Com o avanço da genética e das tecnologias de diagnóstico, as perspectivas de qualidade de vida melhoram significativamente, dando mais esperança para os pacientes e suas famílias.

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