Uma das principais preocupações de quem já enfrentou qualquer tipo de câncer é a possibilidade de recidiva ou recorrência da doença, semanas, meses e até anos depois que o tumor primário foi tratado. Como não existem garantias de que o câncer não vai voltar depois do tratamento, é muito importante que os pacientes se conscientizem a respeito dessa possibilidade.
No caso do câncer colorretal, a maioria das pessoas que passa pela cirurgia de remoção do intestino com ou sem quimioterapia não têm recidiva da doença. Entretanto, isso vai depender de uma série de fatores, como por exemplo o estágio do câncer quando o tratamento foi iniciado e o tipo de tumor, já que alguns têm mais chances de recidiva do que outros.
Como funciona a recidiva do câncer colorretal
A recidiva geralmente ocorre porque não foi possível remover todas as células cancerígenas durante a cirurgia ou a quimioterapia não foi capaz de destruí-las. Em alguns casos, durante a cirurgia, o médico percebe que remover todo o tumor pode colocar a vida do paciente em risco e, em outros, as células cancerígenas passam despercebidas, já que são microscópicas.
Ao longo do tempo, essas células podem se multiplicar, desenvolvendo um novo tumor grande o suficiente para causar sintomas, alterar exames ou aparecer em testes. Por esse motivo, após o tratamento do tumor primário, o paciente passa por exames periódicos para verificar se o câncer voltou e, se for o caso, iniciar um novo tratamento precocemente. A recidiva pode acontecer de três formas diferentes:
- No mesmo local do tumor inicial, chamado de recidiva local;
- Numa região próxima do tumor inicial, chamada de recidiva regional e geralmente ocorre por meio de um linfonodo;
- Num local diferente do corpo, chamada de recidiva distante ou de metástase .
Alguns tipos de câncer podem ter um padrão de recidiva. No caso do câncer colorretal, 80% das recidivas ocorrem dentro de dois ou três anos após o tratamento do tumor inicial, período em que o paciente é monitorado mais de perto. Após cinco anos sem sinal de volta da doença, consideramos que o paciente foi de fato curado.
O que afeta as chances de recidiva do câncer colorretal
Alguns fatores podem influenciar nas chances de um tumor no intestino voltar após o tratamento:
Nível de penetração
Quando um tumor começa a se desenvolver, ele costuma estar localizado na superfície dos tecidos. O câncer colorretal que se inicia a partir de um pólipo está na primeira camada da mucosa do intestino e, à medida em que cresce, começa a penetrar o órgão cada vez mais, aumentando as chances de recidiva.
Número de linfonodos envolvidos
Espalhados em vários locais do corpo humano estão os linfonodos, glândulas do sistema linfático responsáveis por filtrar substâncias nocivas. As células cancerígenas podem se desprender do tumor e viajar através do sistema linfático até se alojarem em linfonodos, onde podem se multiplicar e desenvolver um tumor. Quanto mais linfonodos afetados por células cancerígenas, maiores as chances do câncer voltar.
Metástase
Depois que o câncer se espalhou para outros órgãos, ou seja, entrou em metástase, as chances de recidiva é muito maior, já que as células tumorais já começaram a viajar pelo sistema linfático e pelo sangue, podendo se alojar e desenvolver em diversas partes do corpo. Isso não significa, entretanto, que o paciente deve perder a esperança. Diversas pessoas lutam contra tumores metastáticos e recidivas, conseguindo prolongar sua vida por muitos anos.
Qualidade da cirurgia
A experiência do cirurgião, bem como a técnica empregada são sem dúvidas fatores importantes quando falamos em recidiva do câncer colorretal. O procedimento de remoção do intestino é considerado é uma cirurgia difícil, motivo pelo qual o paciente deve procurar um especialista sempre que possível. Atualmente, o que há de mais moderno e preciso no tratamento do câncer de intestino é a cirurgia robótica, em que o médico opera com uma ferramenta altamente tecnológica capaz de ampliar suas habilidades.
É importante prevenir a recidiva do câncer colorretal
Não existem maneiras de ter certeza de que o câncer colorretal não vai voltar. Entretanto, é muito importante que o paciente tome as medidas necessárias para prevenir a recidiva de acordo com evidências científicas.
Diversos estudos demonstram que pacientes que mantém um estilo de vida saudável depois do tratamento de câncer colorretal, com alimentação equilibrada, atividade física e controle do ganho de peso têm maior sobrevida depois da doença. Uma dieta rica em fibras também é importantíssima para prevenir a recidiva do câncer colorretal.
O consumo de carne vermelha e ultraprocessada também está associado à maiores de chances de recidiva, bem como consumo excessivo de açúcar e álcool. É fundamental que os pacientes evitem o consumo de álcool e, se forem beber, não passem de uma dose por dia, para mulheres, e duas doses por dia, para homens. O tabagismo também deve ser eliminado.
Lidar com a incerteza da volta do câncer pode ser difícil para muitos pacientes e se tornar fonte de ansiedade e depressão. Todos esses sentimentos devem ser discutidos com o médico para que ele possa indicar, se for o caso, grupos de apoio para sobreviventes de câncer ou acompanhamento psicológico.