A cirurgia robótica foi um dos maiores avanços da medicina dos últimos anos. Em diversos tipos de procedimentos, a abordagem minimamente invasiva associada à alta precisão do robô possibilitou diminuição na taxa de mortalidade associada, aumento da sobrevida do paciente e menores complicações pós-operatórias.
Para os médicos, a cirurgia robótica não só potencializou técnicas já existentes, como também abriu um novo leque de possibilidades para o tratamento de muitas doenças, inclusive, diversos tipos de câncer.
O que é cirurgia robótica
A cirurgia robótica é um tipo de procedimento minimamente invasivo em que o cirurgião utiliza uma plataforma robótica para operar o paciente. Começou a ser desenvolvido nos anos 80, como uma braço robô que auxilia o cirurgião durante o procedimento. Mais de trinta anos depois, a plataforma é muito mais complexa e eficiente.
Atualmente, o sistema cirúrgico mais utilizado em todo o mundo é o da Vinci, criado pela empresa norte-americana Intuitive Surgical. A medida em que suas patentes vencem, outras organizações estão desenvolvendo suas próprias plataformas, buscando diminuir tanto os custos quanto o tamanho do equipamento.
Com o sistema cirúrgico da Vinci, o paciente fica deitado e, por cima dele, são posicionados os cinco braços do robô, onde são acoplados os diferentes instrumentos necessários para o procedimento, incluindo uma microcâmera.
Tanto os braços quanto os instrumentos são controlados pelo médico cirurgião, que opera sentado na mesma sala que o paciente. Ele enxerga por meio de um visor que recebe imagens em tempo real, 3D e alta definição de dentro do corpo do paciente.
Os movimentos dos braços do robô são controlados pelo médico com uma espécie de joystick, e, dentro do corpo do paciente, os pequenos instrumentos têm a capacidade de se movimentar com mais facilidade do que o próprio pulso humano.
Toda essa tecnologia permite a realização de procedimentos delicados de maneira minimamente invasiva e com extrema precisão.
Como a cirurgia robótica revolucionou os tratamentos médicos
Atualmente, esse tipo de recurso é muito utilizado em cirurgias do aparelho geniturinário (próstata, bexiga, rins, ovário e útero) aparelho gastrointestinal (esôfago, estômago, pâncreas, fígado, vesícula, intestino e reto), cabeça e pescoço.
Em procedimentos urológicos, a cirurgia robótica ajuda a preservar os nervos responsáveis pela continência urinária e ereção masculina, por exemplo, além de possibilitar, em alguns casos, a remoção de tumores renais sem sacrificar todo o órgão do paciente.
No esôfago, por exemplo, a cirurgia robótica foi responsável por diminuir drasticamente as taxas de mortalidade por complicações da esofagectomia, cirurgia de remoção do órgão utilizada no tratamento de câncer.
Como coloproctologista, utilizo a cirurgia robótica, principalmente, no tratamento do câncer colorretal, doenças inflamatórias intestinais, diverticulose e outras enfermidades que possam ser tratadas com a remoção de parte do intestino grosso ou reto.
Nessa especialidade, a cirurgia robótica revolucionou porque, em muitos casos, facilita a preservação dos delicados nervos responsáveis pela continência fecal, por exemplo, além de permitir a remoção do tecido doente com muita precisão. Outra grande vantagem da cirurgia robótica nesse tipo de tratamento é seu caráter minimamente invasivo, permitindo uma recuperação muito mais tranquila para o paciente e cicatrizes mais discretas.
Depois de colectomias parciais ou totais, por exemplo, podemos realizar uma anastomose, técnica em que conectamos duas partes do intestino para restabelecer o fluxo natural das fezes. Trata-se de um processo de cicatrização lento e delicado para o paciente, então não ter uma extensa e profunda cicatriz no abdômen é um facilitador para que o indivíduo se recupere mais rápido.
Não tenho dúvidas de que a cirurgia robótica veio para ficar que, nos próximos anos, seremos testemunhas e agentes de transformações ainda mais profundas no que entendemos, hoje, como cirurgia minimamente invasiva.
Com a chegada de novos consoles, será possível realizar mais cirurgias com custos reduzidos, o que além de beneficiar uma maior quantidade de pacientes, poderá proporcionar ainda mais avanços no tratamento de diversas enfermidades.